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Organização de P&D

7 ETAPAS ESTRATÉGICAS PARA ESTRUTURAR UMA ÁREA DE P&D DE SUCESSO

Postado em 19/06/2019 por Cristina Leonhardt
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Se a sua empresa ainda não conta com um setor de P&D, porém o volume de novos produtos desenvolvidos já é significativo, talvez seja o momento para pensar em incluir este processo. Neste artigo, você verá 7 etapas estratégicas para estruturar uma área de P&D de sucesso – começando dos objetivos de inovação até a definição de indicadores de processo.

Boa parte dos setores de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da indústria de alimentos brota das atividades de desenvolvimento de produtos que já são realizadas internamente, com certa irregularidade, por outros setores. Um caso típico é o setor da Qualidade assumir esta função e, em determinado momento, especializar-se nela. O setor de P&D acaba não sendo estruturado, mas sim “parido” a partir de outro processo.

Contudo, os processos de Qualidade e de Pesquisa e Desenvolvimento não poderiam ser mais diferentes. Enquanto Qualidade trabalha com planejamento, padronização, ciclos e previsibilidade, P&D lida com incerteza, tentativa e erro, fluxos descontínuos e criação. Os modelos mentais que funcionam em Qualidade dificilmente se aplicam a P&D.

A indústria brasileira investe pouco em atividades internas de P&D – o PINTEC 2014 nos mostra que a indústria aloca apenas 0,77% do seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento. A indústria de alimentos e de bebidas investe ainda menos – 0,15% e 0,06% respectivamente. Como reflexo, boa parte da indústria tampouco apresenta atividades contínuas de P&D: até entre as empresas consideradas inovadoras pela pesquisa o índice é de 74,1%.

Vamos mudar este cenário?

Ao invés de evoluir incrementalmente desde outras atividades, o setor de P&D pode ser planejado – e aqui você encontra as principais zonas de atenção para implementá-lo com sucesso. Veja como estruturar uma área de P&D para empresas que não a possuem.

estruturar uma área de P&D

1. Objetivos Estratégicos de Inovação

Comece definindo o que você quer: ao invés de ter um P&D só porque “todo mundo tem” ou “é bom ter” ou “chegou a hora”, tenha clareza do que a inovação pode fazer pela sua empresa. Atender solicitações de clientes? Enxugar a máquina? Aumentar a eficiência de processos? Buscar soluções não-convencionais? Posicionar a empresa como líder no mercado de atuação?

Defina os objetivos estratégicos de inovação da sua organização como primeiro passo para um setor de Pesquisa e Desenvolvimento eficiente e capaz de entregar os resultados esperados. Para saber mais sobre o assunto, consulte o artigo completo sobre a estratégia de inovação

2. Funções de P&D

Definidos os objetivos estratégicos da inovação, vamos às funções que o P&D deverá cumprir para a empresa. São quatro possíveis:

Manter o mercado: com atividades como redução de custo e melhoria de processo

Servir o mercado: com atividades como desenvolver produtos por solicitação de clientes

Moldar o mercado: com atividades como buscar soluções disruptivas e criar novos mercados e negócios

Monitorar o mercado: com atividades como acompanhar e validar novas tecnologias para a empresa

Apesar de que, em organizações complexas, é possível ter as quatro funções coexistindo, para empresas que estão iniciando um setor de P&D, faz mais sentido escolher uma ou duas funções apenas.

Para se aprofundar neste ponto, leia o artigo sobe as funções que P&D cumpre para uma empresa

3. Estrutura

Com objetivos estratégicos e funções definidos, é hora de pensarmos em estruturas e pessoas. Defina uma estrutura inicial de P&D (que pode bem ser apenas uma única pessoa), considerando a complexidade das suas operações e o número de novos produtos que se deseja lançar nos próximos anos.

Algumas perguntas que você pode se fazer para definir esta estrutura: Que tamanho de equipe eu devo ter? Como estas pessoas irão interagir? Com quem elas devem fazer interface e para que área P&D deve responder? A equipe deverá fazer contato direto com os clientes e usuários? Como se dará o processo de geração e seleção de ideias?

Exemplos de estruturas de P&D de empresas de alimentos você pode encontrar aqui

4. Pessoas

Estrutura pronta, o planejamento da área de P&D deve seguir para definir as pessoas. Vale salientar que este planejamento prévio permite buscar os perfis adequados às funções desejadas – e evita que “avaliemos peixes pela sua capacidade de subir em árvores”.

Uma equipe (ou EUquipe) de P&D deve ser minimamente heterogênea: a geração de ideias se alimenta de ambientes onde há diferentes pontos de vista, experiência e formações. Apesar de que, tradicionalmente, profissionais oriundos das carreiras técnicas de alimentos (engenheiros, tecnólogos, cientistas e químicos) dominam a área, sugiro que você mantenha um olhar mais abrangente para o que de fato a empresa precisa, principalmente se deseja que esteja presente a função “Moldar o Mercado”.

Faça uma lista das competências técnicas e não se esqueça das pessoais: como o técnico é dado e pode ser desenvolvido, a diferença de resultado entre equipes de P&D pode estar justamente em competências pessoais

5. Processos

Idealmente, você irá definir processos com as pessoas já contratadas (e se elas tiverem feito uma mentoria de inovação comigo, tanto melhor!). Ao invés de definir um fluxograma cheio de caixinhas, com um passo-a-passo sobre como desenvolver um produto (coisas herdadas de Qualidade, mas que não fazem muito sentido em P&D), você pode começar definindo os contornos.

Comece definindo um briefing e depois faça o seu mapa de entregas de projetos. Crie um formulário único de registros numa planilha eletrônica e jogue fora todos os cadernos de bordas amareladas da empresa. Mantenha os projetos organizados numa única lista mestra.

Por fim, se você insistir mesmo, desenhe o tal fluxograma. Mas já esteja aqui avisado e avisada que ele ficará bonito na parede ou no papel, porém pouco será útil na prática.

Falei ali no início: o setor de P&D lida com a incerteza e fluxos descontínuos. Para aprofundar esta questão, vale muito a pena ver este TED sobre a liderança da inovação

6. Interfaces com as áreas

É claro que P&D não ficará numa sala isolada, escondido do mundo, sem interação com ninguém – nem mesmo o Professor Pardal, que parece tirar as coisas mais mirabolantes da garagem, ficava isolado. Planejar as interfaces do processo de P&D com os demais setores pode ajudar a aliviar conflitos futuro, e com certeza azeita a máquina de lançamento de produtos da empresa.

Tipicamente, P&D faz interface com:

Qualidade: homologação de fornecedores e matérias-primas, validação de processos, segurança de alimentos, treinamento de novos produtos.

Produção: testes industriais, start-up de linhas de produção, treinamento de novos produtos.

Marketing: geração de ideias, aprovação de desenvolvimento, criação de material técnico.

Vale cada centavo dedicado a planejar como estas interfaces se darão na sua empresa, uma vez que, se deixado para ordenação natural, a entropia se estabelece para gerar o caos: a posição de menor energia será, sem dúvida, também a de menor eficiência e inovação.

A interface que mais traz dúvidas fica entre Qualidade e P&D. Uma sugestão minha de como definir esta interface você encontra aqui. A interface entre P&D e Marketing você encontra aqui.

7. Indicadores

Dos objetivos estratégicos, combinados com os processos, surgirão os indicadores de P&D, que poderão lhe ajudar a ter uma visão macro a respeito do andar da carruagem.

Contudo, porém, todavia, não obstante: cautela na seleção de indicadores e metas associadas, principalmente no início das operações de P&D. É melhor acompanhar o setor de perto durante seus primeiros 12 meses de operação para entender como o fluxo se dá por ali para então fazer gestão por indicadores.

É muito fácil termos excelentes indicadores com gestão ruim. Também é fácil termos uma excelente gestão de P&D que não deriva em bons indicadores – tudo porque a incerteza inerente ao desenvolvimento de produtos não se dá bem com indicadores.

Melhor aguardar a estabilização do processo para então definir metas (se realmente você achar necessário). Leia este artigo a respeito de indicadores de P&D e seus impactos sobre a capacidade inovadora da empresa.

Estes são os 7 primeiros passos para estruturar a sua área de P&D. Depois de estruturada, vem mais: a gestão de projetos de P&D requer visão estratégica, capacidade de liderança e de gerenciamento da rotina. É preciso manter em mente que a Gestão de P&D é um trabalho em si, e que o processo de Pesquisa e Desenvolvimento é do tipo criativo (e não convencional).

Agora é com você: chegou a hora de colocar este planejamento em prática e estruturar a sua área de P&D!

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4 respostas para “7 ETAPAS ESTRATÉGICAS PARA ESTRUTURAR UMA ÁREA DE P&D DE SUCESSO”

  1. Larissa disse:

    Obrigada Cristina, não atuo na área e suas contribuições me apoiarão na reestruturação da área de Controles Internos da empresa que atuo.

  2. ADIRLEI RODRIGUES DE OLIVEIRA disse:

    Gostaria de saber onde encontro material sobre a Análise da viabilidade do desenvolvimento de produtos, ou seja , creio que todo desenvolvimento deva ter uma aprovação sobre o valor que será destinado ao desenvolvimento e ao mesmo tempo o retorno dele esperado, ok?

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