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Chegou a sua hora! A tão sonhada cadeira de liderança na área de P&D – a mais adorada entre todas ❤ – é finalmente sua. Parabéns pela jornada! A partir de agora, as suas decisões, estilo de liderança e forma de ver o mundo vão impactar não apenas o andamento dos seus projetos, mas o de toda a sua equipe. Mais além: vão impactar a sua própria equipe.
Ocupando uma cadeira de liderança pela primeira vez? Ou quem sabe você já está lá, mas os resultados ainda não são aqueles que você esperava? Anda patinando ao redor de problemas que se repetem? Então toma aqui 5 erros de Liderança em P&D para você evitar – observações sobre Liderança nesta área que vêm da minha prática nos últimos 20 anos, sendo Líder em P&D ou ajudando a formar outros Líderes em P&D.
Bora lá?
Eu sei que essa é dura, então vamos arrancar logo esse curativo. Você foi para a uma cadeira de Liderança em P&D? Então não tem que fazer mais projeto.
Aliás, na verdade, muda a matéria do seu projeto. Se antes você projetava novos alimentos, agora a sua missão é projetar os Projetos de P&D – isso é Gestão de P&D.
Ah, Sra Inovadeira, tem tanto projeto, 2 pessoas apenas na equipe, se eu não tocar projetos aqui, a coisa não vai.
Ah, Sra Inovadeira, a equipe é muito crua para projetos complexos que a gente recebe, eu tenho que continuar tocando.
Duas das maiores reclamações que recebo dos alunos da Expedição por P&D quando falamos sobre o papel do Gestor em projetos.
Pois bem, caros visionários, para a primeira pergunta, eu tenho duas coisas a dizer:
1) Se você não está fazendo a Gestão de P&D, porque continua tocando projetos, quem está? Vácuo. O trabalho continua lá, mas ninguém está fazendo. Inclusive você poderia/deveria estar repensando justamente essa coisa do tamanho da equipe versus o número de projetos (vide Erro 5 a seguir).
2) Equipes cruas são papel em branco para você ensinar – é claro, se deixar acontecer. Lideranças centralizadoras não ensinam, porque absorvem todo o trabalho mais complexo, e deixam para a equipe apenas o que é mais banal. Não seja essa Liderança. À medida que a equipe for recebendo projetos complexos, ela ganha força, músculos – ela aprende. E o papel central da Liderança de P&D é facilitar este aprendizado (olha o Erro 2 entrando na avenida!). Como resolver projetos complexos com uma equipe crua? Supervisione o projeto, não o lidere. Não se coloque como pesquisadora responsável pelo projeto.
Como a gente faz a equipe ser de fato responsável pelos projetos associados ao seu nome? Não adianta apenas tocar o projeto – tem que tomar as decisões do projeto. Alguém ouviu análise crítica? Isso mesmo: quem faz a análise crítica do projeto é a pesquisadora, não a Liderança.
Se a sua equipe traz produtos para você degustar e decidir se pode seguir para a próxima etapa, você é a responsável por este projeto. Projetar é tomar decisões sobre projetos – uma equipe só se fortalece e torna autônoma quando aprende (e pode) tomar estas decisões.
P&D é área de geração de conhecimento – então o papel central da Liderança de P&D é cuidar da Gestão deste Conhecimento gerado. Tem que cuidar para que ele:
Um erro mortal da liderança em P&D é não atacar desde o início as lacunas neste processo de Gestão do Conhecimento – e o que eu mais vejo são registros mal feitos, mal guardados e – principalmente – conhecimento mal distribuído.
Ora, se P&D aprende sobre um novo produto para então ensinar Produção e Qualidade a produzi-lo e controlar sua qualidade, então tem que planejar estrategicamente os processos de transmissão de conhecimento. Somos todos professores dentro das nossas empresas – colocar 35 pessoas numa sala escura, fria, projetando slides sem graça na parede branca, com certeza não é a melhor forma para fazer este ensino. (Quer dicas de como melhorar? Tenho).
Por que este é um erro mortal, que deve ser evitado logo no início? Lá na frente você vai me agradecer quando precisar recuperar informações de projetos do início da sua gestão. E também quando precisar eliminar o telefone do Batman que liga a Produção e Qualidade ao P&D, porque as transferências de conhecimento foram mal feitas.
Pois é, mon cherrie, beijo no ombro pras inimigas: agora você tem um lugar à mesa.
Tem mesmo?
Não adianta ter lugar à mesa e não ocupar.
Pesquisas indicam que a Liderança de P&D tem relações rarefeitas com a Alta Direção – e este afastamento faz com que esta Alta Direção não entenda nossos processos, nós não sejamos vistas, e não sejamos considerados para promoções para cadeiras mais altas, mais gerais, fora da área de P&D.
Então bora lá: cultive este relacionamento pelo bem da sua equipe e pelo seu bem também.
Aproximar-se da Alta Direção vai lhe ajudar a entender a Estratégia da empresa e a traduzir esta Estratégia em ações para a equipe (como, por exemplo, guiar novas contratações e planos de aprendizado para ela) e para os projetos (como na gestão de portfólio de projetos). Você também poderá não apenas receber demandas, mas cumprir um papel muito mais interessante: propor novas demandas.
Para que lado a inovação de alimentos está indo? Você está sentada numa cadeira especialmente preparada para entender esses movimentos – tem que usar.
Numa lógica machista, todos devem competir até a morte, como se estivessem num ringue. A competição está no cerne do capitalismo – vence a empresa que mais lucra, esmagando os concorrentes. Vence a pessoa que mais cresce na carreira corporativa, tanto faz o que deixa pelo caminho como legado (todo mundo conhece Diretores que, mel dels, por que estão lá? quase uns psicopatas).
Essa lógica de competitividade está embutida nas práticas de liderança – quadros com a produção de cada turno abundam, não? Se tiver prêmio para o turno que mais produzir no mês, então, que beleza. A Equipe de Vendas que mais vender no ano vai para um resort com tudo pago – e o restante fica só olhando as fotos? É a lógica da competitividade – interna, dentro da empresa.
Veja que numa empresa, que é um organismo vivo, que se molda a cada dia, e está à mercê de flutuações de humor, ânimo e energia das pessoas, essa competitividade pode muito bem fazer uma equipe puxar para um lado, outra equipe puxar para o outro. A empresa fica onde nessa briga? Parada. Ou esmigalhada pelo chão.
(Traduzindo para uma linguagem de P&D: você desenvolveu um produto a pedido da Alta Direção e Vendas não vende, porque é mais fácil vender o que o mercado já conhece – e assim bater as suas próprias metas? Tá aí a lógica da competitividade trazendo resultados absurdos para uma organização. Quem já viu gastar dinheiro para inovar e depois não querer vender a inovação?
Todo mundo.)
Das Teorias Feministas, a gente traz uma outra visão sobre esses processos de uma empresa: a colaboração. O feminismo entende que todos devem ter voz e participar, e a colaboração é uma forma mais adequada de prosperar neste mundo – forma esta, inclusive, bastante inspirada na Natureza, em que abunda colaboração entre as espécies (manguezais e colmeias como exemplo aqui).
(Quem tem medo da palavra feminismo nesse Brasil distópico de 2021 – buuu – pode chamar também de Paradigma da Abundância. Tem para todos e podemos dividir.)
Pois bem, por que todo esse papo sobre liderança e feminismo?
Porque na área de P&D COLABORAÇÃO É CRUCIAL. Líderes que não resolvem conflitos, ou pior, estimulam conflitos, estão sando um quase literal tiro no pé. Conhecimento se constrói sobre conhecimento – e para isso a equipe deve colaborar.
Bônus individualizados, que não sejam coletivamente alcançados, não fazem sentido em P&D. Pesquisadores que trabalham isoladamente não fazem sentido em P&D. Projetos não compartilhados não fazem sentido em P&D.
Isso quer dizer que todos os projetos devem ser distribuídos pela equipe toda, sem uma liderança clara em cada um deles? Não necessariamente (mas pode ser). Você pode reduzir os efeitos da competitividade fazendo com que a equipe seja beneficiada pela colaboração – como, por exemplo, quando promove uma rotação de trabalho os membros da equipe. Nesta hora, quem tiver colaborado mais terá vantagens.
Erro crasso de líder-mirim que está começando – querer mostrar a que veio e aceitar tudo o que lhe pedem.
Pode cuidar do SAC? Sim
Pode cuidar de visitas de clientes? Sim
Pode cuidar da implementação deste projeto na fábrica? Sim
Pode pegar mais estes 38 projetos? Sim
Pode mentorar a liderança da Qualidade? Sim
Pode fazer apresentação em clientes? Sim
Não faça isso, Pequeno Padawan. Se o pesquisador só está pesquisando quando toma decisões sobre os projetos, você só está liderando quando toma decisões sobre a Gestão. Parte destas decisões é saber filtrar as demandas, negociar prazos e simplesmente dizer não a pedidos absurdos que podem muito bem ir para outras áreas (ou para o infinito e além).
Isso é um contrassenso com esta outra orientação, na qual eu lhe digo para dizer menos não?
Sim.
E não.
É seu papel tomar estas decisões com estratégia e ponderar a capacidade de absorção de novas atividades – tanto sua, quanto da sua equipe. É seu papel também perceber que a equipe atual já não dá mais conta da demanda, e quem sabe esteja na hora de crescer. Nesse momento você vai me agradecer por ter lido este texto e não ter cometido o Erro 3. Como estabeleceu boas relações com a Alta Direção, ela agora entende melhor suas atividades e o seu papel – e com isso o pedido de aprovação de aumento de quadro tem 2,5% a mais de chance de ser aprovado.
(É, eu sei, tá duro. P&D ainda precisa de muito chão aqui no Brasil para receber investimentos adequados e ainda reduziram equipes durante a pandemia).
5 erros para você não cometer na liderança em P&D – e quem sabe começar a sua jornada com um pouco menos de turbulência. Quer saber mais sobre Gestão de P&D? Tem muito artigo sobre o tema aqui no Sra Inovadeira, tanto sobre Estratégias quanto Organização de P&D.
Divirta-se nesta jornada: ela está apenas começando. Você tem altos voos pela frente!
Agora que você já sabe o que não fazer, quer saber o que fazer? Continue sua leitura com:
Boas práticas da Ciência sobre liderança em P&D
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