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Estratégias de P&D Sra Inovadeira Responde

SRA INOVADEIRA RESPONDE: QUAL É O FUTURO DA ÁREA DE P&D?

Postado em 22/06/2020 por Cristina Leonhardt
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Na semana passada, me perguntaram duas vezes qual seria o futuro da área de P&D.

A meu ver, tudo (economia, pandemia, legislação, valores da sociedade) aponta para que trabalhemos em redes voláteis, que se formam ao redor de projetos, se desmancham, para se reunirem novamente, ali em frente, sob nova configuração ao redor de um novo projeto.

Isso vai ser cada vez mais real para partes do negócio que são estratégicas e não essenciais.

P&D é estratégico e não essencial.

TI é estratégico e não essencial.

Marketing é estratégico e não essencial.

Qualidade é estratégica e não essencial.

(Ah, Sra Inovadeira, como assim Qualidade não é essencial?

Fácil responder, Pequeno Padawan.

Olhe ao seu redor. Já percebeu que tem um monte de empresas de alimentos sem nenhum setorzinho de Qualidade para chamar de seu e que mesmo assim funciona? Vende? Produz? Compre? Paga as contas?

Qualidade é estratégica. Não essencial.

Quando a Qualidade está presente – assim como todos os demais setores mencionados – a competitividade da empresa aumenta. Isso é inegável.

Qualidade é estratégica.

O que não é o mesmo que dizer que seja essencial.)

Essas são apenas algumas das áreas em que as empresas serão estimuladas para trabalhar em redes voláteis.

Eu mesma já passei por uma dúzia de situações assim. Em uma situação, a Tacta e uma agência de publicidade se reuniram com uma empresa de alimentos para co-criarmos os futuros lançamentos daquela empresa, em um trabalho que uniu design, estratégia de comunicação, P&D e engenharia de alimentos.

Em um projeto diferente, eu trabalhei como especialista, junto com outros especialistas convidados, dentro de um sprint, conduzido por um escritório de design, que visava entender qual deveria ser o modelo de negócio que a Planta iria adotar quando virasse (como é hoje) uma spin-off (unidade independente de negócios) da Duas Rodas.

Para citar dois casos. E só vai aumentar.

Isso quer dizer que, em breve, muitas empresas decidirão substituir áreas próprias de P&D por uma rede de empresas que lhes abasteça com serviços, a cada projeto. A cada novo projeto, a empresa terá uma configuração diferente – a barreira entre o que está dentro da empresa (o “nós“) e o que está fora (o “eles“) não fará mais sentido.

Nesta rede volátil de empresas, tudo será nós.

A rede volátil deverá ser formada por uma constelação de empresas e profissionais ofertando serviços diferentes: geração de protótipos, pesquisa de mercado, provas de conceito, homologação de fornecedores, análise sensorial. Tudo o que a gente faz em P&D para transformar uma ideia em produto.

(Ou melhor dizendo: tudo o que a gente faz em P&D para transformar um conceito de produto em conhecimento sobre como produzi-lo.

Há uma diferença.)

Mais ou menos como aconteceu com o software, que deixou de ser produto, para ser serviço. Há uns 10 anos atrás, você comprava o Office em uma loja. Ele vinha numa caixinha, com um CD e um livreto. Cada CD dava direito a uma ou algumas instalações. A chave para desbloquear o conteúdo do CD estava ali no livreto.

Há quanto tempo você não vê mais a caixinha? A indústria de software passou por uma grande transformação de lá para cá.

Você agora paga mensalidade ou anualidade pelos seus programas, não é? Compra pela internet. Os softwares, inclusive sistemas de gestão como o Conta Azul que usamos na Tacta, estão baseados na internet – você nem faz mais o download no seu computador. Está tudo na nuvem.

É o modelo SaaS: Software as a Service.

Como será em Pesquisa e Desenvolvimento? Desenvolvimento de alimentos as Service: DaaS.

Desenvolvimento de alimentos as Service (DaaS): rede volátil de atores que se agregam por projetos, para transformar um conceito em um novo produto para uma empresa produtora de alimentos.

Cada nodo desta rede volátil é um projeto acontecendo, ao redor do qual se reuniram os diferentes atores prestadores de serviço. O nodo aparece com o projeto e desaparece quando ele se conclui, deixando para trás apenas a memória e o aprendizado do projeto, tanto na empresa produtora, quanto nos atores envolvidos no nodo.

Por que o Desenvolvimento de alimentos as Service é uma configuração mais interessante do que o modelo atual de P&D interno?

No paradigma atual, temos um P&D interno que supostamente dá conta de todo o recado e opta, quanto deseja, por incluir outros players no processo. Segundo a nossa pesquisa sobre o perfil de P&D de alimentos no Brasil, o player mais importante neste modelo é a indústria de ingredientes.

Perguntamos a cerca de 380 pesquisadores de alimentos no Brasil quais eram os seus parceiros de desenvolvimento mais relevantes. O resultado, numa escala de 5 (altamente relevante) a 1 (não relevante), você vê no gráfico abaixo:

Fornecedores de modo geral são excelentes aliados – é o que chamamos na inovação aberta de “parcerias de mercado”. Elas ajudam – e muito! – a acelerar a primeira entrega do projeto

Agora, olhe a parte de baixo do gráfico. O resultado não é intrigante?

Por que prestadores de serviços, como a academia, consultorias e algumas startups, são tão pouco relevantes para o desenvolvimento de alimentos no Brasil?

Um dos possíveis motivos é a síndrome do not-invented-here (NIH, para os íntimos): a tendência que temos em desconsiderar invenções que não foram feitas por nós mesmos.

A síndrome é tão famosa na inovação que dá até bingo. ?

É fácil trabalhar com fornecedores: eles me ajudam, fazem às vezes mais da metade do meu trabalho por mim, e não querem levar o crédito. O que querem é vender. A forma de colaboração também é bem azeitada: eu lhe peço ajuda e, em troca, compro de você durante um tempo. Simples, efetivo e muito usado.

Porém, como podemos ver pelos resultados atuais, pouco inovador.

Primeiro, porque se todo mundo trilha a mesma trilha, quão inovadora ela pode ser, não?

Segundo porque parceiros de mercado não são as melhores opções para a inovação aberta em projetos de alta força técnica – aqueles que têm realmente potencial para criar mercados e mudar a forma como as coisas acontecem. Neste caso, parceiros que detêm o conhecimento tecnológico é que seriam a melhor aposta.

Mas são parceiros que hoje pouco usamos.

Terceiro porque nossos fornecedores são atores que já atuam na nossa cadeia. Por mais inovadores que sejam – e muitos o são! – uma inovação proveniente desta parceria tem potencial limitado de perturbar o mercado já que ela foi desenvolvida dentro do próprio mercado de atuação da empresa produtora.

A incerteza é baixa (ou, ao menos, menor).

Como faz falta no nosso mercado de alimentos a interação dos P&D com as startups de tecnologia! Para que aqui também tivéssemos casos como a Foodparing, Flavorwiki, NotCo, Nuritas, empresas que trabalham nesta interface entre alimentos e tecnologia de informação.

Quando mudamos do paradigma atual de P&D interno para a rede volátil do Desenvolvimento de alimentos as Service – DaaS – puff ?!

Vai embora a síndrome do not-invented-here, não? Afinal, não existe mais o here. O que é “aqui” quando todos os atores da rede são independentes e novos a cada projeto?

Desapego, visionários. Desapego.

A meu ver, a rede volátil do DaaS tem muitas vantagens em relação ao paradigma atual. Apenas algumas para começarmos a discussão:

  • A empresa produtora tem condições de selecionar os prestadores de serviços com a expertise mais adequada a cada projeto;
  • Vários projetos podem acontecer ao mesmo tempo, ocupando diferentes nodos da rede volátil, sem exaurir as equipes envolvidas neles;
  • A combinação de atores em cada nodo é única, o que incrementa o potencial criativo dos projetos;
  • Com a maior flexibilidade para formar os nodos, pode-se testar novos modelos de colaboração, trazendo para os projetos parcerias até então pouco exploradas – como as startups, empresas de tecnologia e Academia;
  • Aumenta o incentivo para o uso de atores que prestem serviços: azeitando os caminhos de colaboração para inovação não apenas quando há um fluxo de materiais envolvido (como no caso da relação entre empresa produtora e fornecedor de ingredientes);
  • A interação com uma rede de atores mais diversa aumenta a probabilidade da descoberta de tecnologias disruptivas;
  • Coloca os portadores da síndrome not-invented-here em quarentena forévis ?;

O futuro de Pesquisa e Desenvolvimento de alimentos será cada vez mais ligado à inovação aberta. É provável que áreas inteiras de P&D deixem de existir, dando lugar às redes voláteis, qualificadas e gerenciadas pela empresa produtora.

Restará, na empresa produtora, apenas a Gestão destes projetos – mas não mais a sua execução.

Aí eu lhe pergunto:

Você está preparado para atuar como desenvolvedor de alimentos em uma rede volátil?

Amanhã eu volto com os aprendizados mais importantes que tenho tido nesses últimos 4 anos trabalhando com DaaS.


Para ler mais:

Conheça plataformas de inovação aberta em alimentos.

Veja o artigo no assunto da consultoria Arthur D Little.


A Tacta começa a preparar este futuro junto com você. A professora Flavia Estevam e eu juntamos nossa experiência em P&D de alimentos – tanto em P&D interno quanto em DaaS – para criar o curso de Desenvolvimento de Alimentos as Service.

No curso de Desenvolvimento de Alimentos as Service vamos experimentar na prática o que é trabalhar em uma rede volátil, aprendendo sobre:

  • Mapeamento e mitigação de riscos de projeto
  • Geração e análise criativa de um briefing
  • Mapeamento de testes
  • Geração e avaliação de protótipos (incluindo shelf-life)
  • Entregas de projetos
  • Parcerias para co-criação
  • Tendências em alimentos
  • Formação de preço dos serviços 

As inscrições para a segunda turma vão apenas até dia 17 de agosto/22. Garanta a sua vaga no botão abaixo.

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