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O espaço geográfico em que vivemos influencia nossas vidas de maneiras que nem nos damos conta. Os modos de comer e as escolhas alimentares são exemplos ilustrativos da diversidade entre lugares e territórios.
Os alimentos que são produzidos e vendidos no território, aqueles escolhidos para as refeições diárias, os alimentos ou as preparações para festividades, as formas de preparo, os modos de comer, os horários das refeições, entre outras possibilidades, podem variar em diferentes lugares. Tais aspectos compreendem as práticas alimentares dos grupos sociais, que incluem também os sentidos e significados atribuídos aos alimentos e à alimentação.
No caso brasileiro, os hábitos alimentares e a gastronomia são resultado de processos históricos que estão em mudança e evolução há séculos, resultado da interação entre a cultura indígena original e culturas introduzidas pelos imigrantes ao longo da história. Esta dinâmica resulta na enorme diversidade culinária, que é uma riqueza cultural e parte fundamental de nossa identidade, além de oportunidade para valorização da agricultura local e para geração de riquezas e inclusão. A relação da sociedade com o alimento está em constante mudança, com consumidores interessados não apenas em energia e nutrientes, mas também na alimentação como experiência, com a busca de novos sabores, aromas, texturas e sensações.
O fato é que a riqueza gastronômica e as tradições culinárias são cada vez mais atraentes para o mundo dos negócios, em especial para o turismo de experiências autênticas e conexão com culturas locais. Por isso, ampliar o conhecimento sobre os territórios alimentares do Brasil pode ser uma oportunidade para fomentar economias locais, criar negócios e empregos, além de preservar tradições, costumes e paisagens rurais.
A Denominação de Origem e a Indicação de Procedência são conceitos fundamentais no reconhecimento e na valorização de produtos que possuem características únicas ligadas ao seu local de origem. Esses termos são usados principalmente para proteger a qualidade e a autenticidade de produtos agrícolas e alimentares, garantindo que eles sejam produzidos, processados e preparados em uma área geográfica específica, seguindo técnicas tradicionais.
Denominação de Origem (DO) é um selo que atesta que um produto possui características específicas e qualidades exclusivas devido ao ambiente geográfico onde é produzido, incluindo fatores naturais, como clima e solo, e humanos, como técnicas de produção tradicionais. Já a Indicação de Procedência (IP) certifica que um produto provém de uma região geográfica conhecida, sem necessariamente ter características únicas ligadas àquele local, mas garantindo que a produção, ou pelo menos uma fase significativa dela, ocorra nessa região.
Recentemente, a região de Altos de Pinto Bandeira, no Rio Grande do Sul, obteve a Denominação de Origem para seus espumantes naturais, um reconhecimento concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 2023. Este selo atesta que os espumantes produzidos nessa área possuem qualidades únicas, resultado do clima, do solo e das técnicas de viticultura empregadas na região. Altos de Pinto Bandeira é uma das primeiras regiões no Brasil a obter esse tipo de certificação para espumantes, o que destaca a excelência e a reputação internacional que esses vinhos espumantes estão conquistando. Este reconhecimento não apenas valoriza o produto, mas também impulsiona a economia local e promove a região como um importante polo de enoturismo.
No campo da inovação de alimentos, precisamos redirecionar nossas lentes para empresas que estão se apropriando de sua riqueza territorial para desenvolver produtos autênticos. É como se elas estivessem dizendo: “Se estamos aqui, vamos usar o que a terra nos dá!”. Essa abordagem não só respeita a biodiversidade local, mas também resulta em produtos que capturam o verdadeiro espírito do lugar (abaixo colonização do gosto!).
Exemplos temos de sobra!
A Manioca é uma empresa brasileira fundada em 2014, com a missão de valorizar e promover os ingredientes da Amazônia em sua forma mais autêntica e sustentável. Localizada em Belém, no Pará, a empresa nasceu do desejo de suas fundadoras, Joanna Martins e sua mãe, Teresa Corção, de divulgar a rica biodiversidade amazônica por meio da culinária.
Os princípios da Manioca estão enraizados na sustentabilidade, respeito à cultura local e compromisso com a produção artesanal. A empresa trabalha em parceria com comunidades extrativistas e produtores locais, garantindo que a exploração dos recursos naturais seja feita de maneira responsável e sustentável. Produtos como tucupi, jambu, açaí e cumaru são transformados em ingredientes gourmet, levando os sabores da Amazônia para todo o Brasil.
A Manioca se destaca por sua abordagem inovadora, que combina tradição e modernidade, e por seu papel na disseminação da cultura alimentar amazônica, sempre com foco no desenvolvimento sustentável e na valorização dos saberes tradicionais.
A Inovamate se dedica à inovação no mercado de erva-mate, combinando tradição e tecnologia para criar produtos de alta qualidade. Fundada em 2018, a empresa nasceu com o propósito de repensar e modernizar o consumo de erva-mate, mantendo o respeito às tradições culturais do sul do Brasil, onde o chimarrão é uma prática profundamente enraizada.
A empresa se compromete a adotar práticas de produção sustentáveis, buscando minimizar o impacto ambiental e promover o manejo responsável das plantações de erva-mate. Além disso, a Inovamate investe em pesquisa e desenvolvimento para oferecer produtos diferenciados, que atendem às necessidades dos consumidores modernos sem perder a essência do produto tradicional.
A Inovamate se destaca por sua capacidade de unir inovação com respeito à tradição, introduzindo novas tecnologias de processamento e embalagens ecológicas, ao mesmo tempo em que preserva a autenticidade da erva-mate. Isso permite à empresa atender a um mercado em crescimento, que valoriza tanto a qualidade quanto a sustentabilidade dos produtos consumidos.
O Assentamento Dois Riachões está localizado no município de Ibirapitanga, Território de Identidade Baixo Sul da Bahia. Com 406 hectares e 40 famílias residentes, o assentamento é a primeira área da Bahia com Certificação Orgânica Participativa, pela Rede de Agroecologia Povos da Mata. Além disso, possui também a Certificação Socioambiental Internacional ECOCERT.
Os princípios que guiam o Assentamento Dois Riachões incluem a sustentabilidade, a valorização da agricultura familiar e o respeito ao meio ambiente. Os produtores do assentamento adotam práticas agroecológicas, priorizando o cultivo de cacau em sistemas agroflorestais que conservam a biodiversidade e promovem o equilíbrio ecológico. Essa abordagem permite que o cacau seja produzido de forma sustentável, respeitando o solo e os recursos naturais, enquanto gera renda para as famílias envolvidas.
O Assentamento Dois Riachões se destaca pela qualidade do cacau que produz, conhecido por seu sabor distinto e suas características premium, que são resultado tanto das condições naturais favoráveis quanto do manejo cuidadoso. Além de vender amêndoas de cacau, os agricultores também investem na produção de derivados, como chocolates e outros produtos, agregando valor à produção e criando oportunidades de comercialização em mercados locais e internacionais.
A organização comunitária é um aspecto central no assentamento, com decisões tomadas coletivamente e um forte senso de cooperação entre os agricultores. O Assentamento Dois Riachões é um exemplo de como a agricultura familiar e a produção sustentável podem caminhar juntas, promovendo o desenvolvimento econômico e social, ao mesmo tempo em que preservam o meio ambiente e as tradições locais.
Fundada em 2004, a Gravetero – Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (COOPERCUC) surgiu através da união de homens e mulheres de três municípios do sertão baiano. A cooperativa surgiu com o objetivo de apoiar pequenos agricultores na região do Sertão do São Francisco, fortalecendo a produção e comercialização de produtos agroecológicos e valorizando os recursos naturais locais.
Os princípios que orientam a COOPERCUC incluem a sustentabilidade ambiental, a valorização da agricultura familiar e o compromisso com a economia solidária. A cooperativa se especializa na produção de alimentos derivados de frutas nativas da Caatinga, como o umbu e o maracujá da caatinga, transformando-os em produtos como polpas, doces, geleias e compotas. Essa abordagem não apenas gera renda para as famílias associadas, mas também contribui para a preservação das espécies nativas e do bioma local.
A sua capacidade de aliar tradição e inovação, ao mesmo tempo em que promove a sustentabilidade é o destaque da cooperativa, trabalhando em estreita colaboração com seus associados, oferecendo capacitação técnica e apoio na gestão da produção, além de buscar a certificação orgânica e de comércio justo para seus produtos. A comercialização é feita tanto no mercado interno quanto no externo, através de feiras, mercados locais e exportações, contribuindo para a inserção dos produtos da Caatinga em cadeias de valor globais. A COOPERCUC é um exemplo de como a organização comunitária pode transformar a realidade do semiárido, promovendo a sustentabilidade econômica, social e ambiental na região.
O Projeto Crioulo é uma iniciativa brasileira voltada para a preservação e valorização das sementes crioulas, que são variedades tradicionais de plantas cultivadas por comunidades agrícolas ao longo de gerações. Essas sementes representam um patrimônio genético e cultural, adaptado às condições locais e livre de modificações genéticas industriais. O projeto, que teve início em meados dos anos 2000, surge em resposta à crescente ameaça de perda dessas variedades tradicionais, devido à expansão da agricultura industrial e ao uso de sementes transgênicas.
Os princípios do Projeto Crioulo incluem a soberania alimentar, a preservação da biodiversidade e a promoção da agroecologia. A iniciativa busca resgatar e preservar sementes crioulas, incentivando a troca e o uso dessas sementes entre pequenos agricultores, quilombolas e comunidades indígenas. O projeto também promove práticas agrícolas sustentáveis que respeitam o meio ambiente e fortalecem a autonomia das comunidades rurais.
O Projeto Crioulo se destaca por seu papel na defesa da diversidade genética das plantas cultivadas e no fortalecimento das comunidades que dependem dessas variedades tradicionais para sua subsistência. Além de preservar a biodiversidade agrícola, o projeto contribui para a segurança alimentar e a resiliência das comunidades frente às mudanças climáticas. Através de bancos de sementes comunitários, feiras de troca e oficinas de capacitação, o Projeto Crioulo ajuda a garantir que essas sementes continuem a ser cultivadas e transmitidas para as futuras gerações.
Ao adotarem uma abordagem fundamentada na territorialidade, essas empresas não apenas respeitam a biodiversidade local, mas também celebram a diversidade cultural que molda o paladar e as tradições alimentares de uma região. Elas não buscam apenas alimentar, mas conectar, através de alimentos que carregam consigo séculos de práticas culinárias e histórias familiares. Conheça outras empresas de alimentos que se inspiram na biodiversidade brasileira para inovar aqui.
Um exemplo notável dessa integração é a valorização de métodos tradicionais de cultivo e preparo, que não só preservam técnicas ancestrais, mas também promovem a sustentabilidade ambiental. Como observa a antropóloga Mary Douglas, “Cada prato é um artefato cultural, refletindo não apenas o que a terra oferece, mas como as comunidades humanas interagem com ela ao longo do tempo.”
Essa abordagem não se limita apenas aos ingredientes ou métodos de preparo, mas também se estende às embalagens e à apresentação dos produtos, frequentemente incorporando elementos visuais e simbólicos locais. Ao fazer isso, as empresas não apenas comercializam alimentos, mas também promovem uma compreensão mais profunda da importância da territorialidade na construção de identidades alimentares.
Além de tudo isso, a inovação alimentar baseada na territorialidade tem um impacto social significativo, fortalecendo as economias locais e apoiando o empoderamento de pequenos produtores e agricultores. É uma forma de reconhecer e valorizar não apenas a riqueza natural de um lugar, mas também a expertise cultural das comunidades que ali vivem e trabalham. Essa tendência do regionalismo nos produtos também foi identificada em empresas presentes na Naturaltech 2024, saiba mais aqui.
Assim, ao integrar a territorialidade e a antropologia no processo de inovação alimentar, estas empresas não estão apenas criando novos produtos, mas construindo pontes entre passado e futuro, entre tradição e modernidade, para um mundo onde cada refeição seja uma celebração da diversidade e da história que nos define.
A discussão sobre a inovação de alimentos baseada em princípios territoriais e tradicionais ainda têm muito espaço para crescer. Iniciativas como a Caixa a Inovação 2024 criam uma ponte para estreitar os caminhos dessa discussão, através de uma experiência multifacetada e interdisciplinar.
Nesta edição, a Caixa traz produtos de todas as regiões do Brasil, possibilitando esse aprofundamento através de uma abordagem antropológica, sensorial, voltada para a inovação de alimentos. Não perca a oportunidade de integrar essa comunidade de visionários e visionárias de alimentos, formada por todos os sotaques e territórios.
São os últimos dias para adquirir essa experiência, não fique de fora! Inscrições até 28 de agosto.
Saiba mais: https://srainovadeira.com.br/caixadainovacao/
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