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Nós iniciamos aqui uma série com o tema “Como Estimular a sua Empresa a ser mais Inovadora”.
Serão 15+ posts, lives, webinars para trazer as visionários e visionárias as ferramentas necessárias para fazerem esta roda girar.
As instruções de uso desta série estão no primeiro post, que também traz a razão pela qual resolvi meter o pé na porta começar este esforço (dica: tem a ver com o Muro das Lamentações).
Forme a sua Célula de Inovação e venha conosco nesta jornada.
Nesta semana, convidamos a Professora do módulo de Criatividade e Inovação da Tacta Food School para falar sobre o tema central do seu curso: como alimentar a criatividade. No texto a seguir, ela aborda os principais conceitos que são explorados na prática durante este módulo.
Pense em uma boa ideia.
Uma ideia daquelas que são simples, elegantes e resolvem sozinhas um ou mais problemas – deixam a vida mais prática ou simplesmente tornam alguma tarefa mais fácil. Pode ser os modernos smartphones, que condensam várias funções em um aparelhinho só.
Ou mesmo algo tão antigo como a comunicação escrita: transmitir ideias através, inicialmente, de desenhos mais ou menos literais, que evoluíram depois para um sistema caracteres. Letras que, descontado seu sentido, pouco mais são do um conjunto de riscos e pontos.
Ou então, a pipoca de micro-ondas. As fórmulas para alimentação de bebês. Os confeitos drageados de chocolate – tão gostoso como chocolate, mas mais difícil de derreter, mesmo na quente palma da mão.
Pense em uma ideia daquelas que deixa a gente pensando: “que ideia legal! Como não pensei nisso antes? Não consigo mais viver sem isso”. Em um certo sentido, a criatividade ou inovação pode ser entendida como uma forma resolver problemas.
Ela é feita de ideias.
E eu mesma, muitas vezes, observando com um pouco de curiosidade essas coisas tão criativas que hoje estão tão bem incorporadas ao nosso dia-a-dia, às vezes me pergunto: como alguém pensou nisso? Como surgem as boas ideias?
Vamos investigar brevemente o processo de surgimento de ideias, tomando como exemplo a pipoca de micro-ondas: para que ela fosse inventada, foi necessária a reunião de uma série de condições que isoladamente surgiram mais cedo ou mais tarde na história da humanidade.
Uma dessas condições é a própria descoberta de uma variedade de milho que, quando submetida ao calor, se transforma em pipoca. Outra delas é descoberta das micro-ondas e o desenvolvimento da tecnologia para seu uso doméstico, além da sua popularização na forma de um eletrodoméstico presente na maioria dos lares. E mesmo a energia elétrica.
Através desse rápido exemplo, é possível observar duas características de qualquer inovação:
Inovações não surgem “do nada”, magicamente prontas, como um sentimento de “eureca” ou uma lampadazinha que se acende na cabeça de um gênio. À semelhança das reações químicas, dos átomos que se combinam em moléculas, e das moléculas simples que se combinam em outras mais complexas, elas nascem a partir da combinação de duas ou mais ideias pré-existentes.
Além disso, o mais provável é que boas ideias sejam interdisciplinares, ou seja, reúnam ideias provindas de áreas diferentes do conhecimento como o conhecemos no ocidente. Como o milho, que é estudado pelas ciências biológicas, agrárias, e as micro-ondas pela física.
Decorrente da primeira característica, as ideias são limitadas pelo que o cientista norte-americano Stuart Kauffman chamou de “possível adjacente”. É um conceito que trata das condições que devem estar reunidas para que seja possível criar algo. Ou, dito de outro modo, o que é possível criar no momento com as ferramentas intelectuais e materiais que estão disponíveis.
Podemos pensar nele como um cômodo de uma casa, onde há algumas portas que podemos abrir, dando acesso a outras salas, com outras portas. O possível adjacente é a sala onde nos encontramos agora, e nos fala do que é imediatamente possível.
É fácil compreender que teria sido impossível a invenção da pipoca de micro-ondas no século XIX, pois embora o milho de pipoca talvez já fosse conhecido dos ocidentais desde o século XVI ou antes, os fornos de micro-ondas e mesmo a energia elétrica doméstica não estavam no possível adjacente. Em outras palavras, nem todas as condições necessárias para essa invenção estavam acessíveis à humanidade naquele momento. Assim, é possível dizer que o possível adjacente é uma coleção de ideias, uma coleção de ou ferramentas, ou mesmo um horizonte.
Uma coisa interessante sobre essas duas características é que elas são verdadeiras para a sociedade, como no exemplo acima, e também para os indivíduos.
Eu não seria capaz de inventar sozinha algo como um veículo de teletransportes como aqueles de filme de ficção, por exemplo, pois os conhecimentos de física, química e mecânica necessários não estão no horizonte do meu possível adjacente (para não dizer que são pífios, risos). Da mesma forma, a nossa sociedade não tem ainda (que eu saiba) instrumentos para vender teletransportadores de uso doméstico (nem de uso não doméstico, aliás :D), se é que isso será possível um dia.
Se a criatividade pode ser definida, então, como a capacidade de gerar ideias que têm valor, a partir de ideias pré-disponíveis e limitadas pelo possível adjacente, como eu posso fomentar esse processo?
Simples: aumente a sua quantidade de ideias disponíveis. Aumente sua caixa de ferramentas. Aumente seu possível adjacente.
Os humanos são seres especialmente cheios de potencialidades! Comparando o corpo humano a uma casa, me parece que possuímos uma mansão ricamente equipada, e insistimos em habitar somente um dos quartos, ou um pedaço dele.
Nossos corpos não são meros veículos para levar a cabeça para passear!
A inteligência humana tem múltiplas facetas: pensamos matematicamente, em termos de linguagem, de movimento, de motricidade, musicalmente, sensorialmente, emocionalmente. Como diz um professor que eu tive, o corpo é muito mais inteligente do que a gente, e é uma pena que a educação tradicional, pós-revolução industrial, somente nos prepare para usar um tipo de inteligência, a inteligência racional, em detrimento de todas as outras.
Tome posse do seu próprio corpo e desenvolva seus múltiplos potenciais – isso aumentará imediatamente os limites de seu possível adjacente pessoal.
Uma ideia é começar pelas coisas que você, por algum motivo, deixou de fazer. Saia para dançar. Tire a poeira da bicicleta que vive encostada no quartinho de bagunças, e saia para pedalar. Jogue sudoku ou palavras cruzadas. Volte a cozinhar, e experimentar receitas novas na cozinha. Faça suas próprias unhas. Escreva um diário. Abra os olhos, os ouvidos, todos os sentidos. Tome banho no escuro para sentir melhor o perfume do sabonete e do xampu. Conte quantas arvores floridas você consegue ver a caminho do trabalho. Faça massagem nos pés antes de dormir.
Usar potencialidades que não estamos acostumados nos obriga a mudar de perspectiva, e isso faz toda a diferença: olhar para onde não estamos acostumados a olhar sempre pode nos fazer enxergar novas portas na sala, que ainda não tínhamos visto.
Aumente seu repertório, seu conhecimento, as ferramentas que estão à sua disposição. Abra as demais portas da sala onde você se encontra e examine o que tem aí: isso significa também, mas não apenas, estudar profundamente a sua área de atuação. Adquira novas habilidades, fundamentalmente diferentes daquelas que você tem por hábito.
Aprender coisas novas, além de aportar novos elementos passíveis de provocar novas combinações, aporta novas perspectivas, assim como usar o corpo todo. Uma nova competência consigo novas ferramentas de resolução de problemas, novas formas de raciocínio.
Aprenda a cantar, tocar bateria ou outro instrumento musical. Aprenda um novo idioma e pesquise sobre a história do país onde ele é falado. Viaje. Aprenda a tricotar. Um esporte novo. Seja curiosa ou curioso. Faça perguntas.
O possível adjacente da humanidade é a soma dos possíveis adjacentes de cada pessoa, por isso o mais provável é que a ideia que complementará aquelas que você já tem esteja em outro cérebro que não o teu próprio. Conecte com esses cérebros.
Ideias gostam de se combinar e recombinar, por isso os ambientes que favorecem o debate e o intercâmbio de informações favorecem, também, a criatividade e a inovação. Pode confiar. Lembre-se dos cafés cheios de intelectuais no Iluminismo, fervilhando de vida intelectual. Lembre-se das cidades comerciais no império romano, aonde afluíam pessoas de diversas partes do mundo, e onde floresceram as artes. O que esses locais têm em comum é sua capacidade de facilitar que as ideias se conectem com outras ideias.
Que tal fazer um happy hour com as pessoas dos cursos onde você vai aprender as coisas novas da dica anterior? Ou entrar para um clube de leitura. Chame amigos que não vê há tempos para um piquenique no parque e pergunte-lhes sobre os seus projetos e conte-lhes sobre os seus. Ofereça suas ideias e ganhe milhares de outras.
Não se esqueça de ler mais, livros novos, de ficção e não-ficção. Junto com a internet, as bibliotecas nos oferecem a fantástica oportunidade de conhecer as ideias de pessoas que vivem ou viveram em épocas e locais muito distantes de nós, a um custo baixíssimo.
Por um lado, mais conhecimento e, de outro, um ambiente interno e externo onde as ideias possam fluir livremente, combinando-se com outras, transformando-se. Uma dose generosa de curiosidade, e temos aí uma fornada ideias novas que servem várias porções de alimento à criatividade.
Talvez nem todas sejam viáveis ou mudem o curso na história da humanidade como a escrita, mas serão abundantes e, certamente, entre elas aparecerão ideias muito boas e inovadoras.
E ainda por cima pode ser muito divertido!
Contem para mim nos comentários.
E até semana que vem, quando vamos falar sobre estar aberto ao novo! 😉
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Olá!!! Como não há muita interação entre os pares, acredito a empresa onde estou ainda está bem longe de ser inovadora.
Olá, Silvia, obrigada pelo seu comentário! A interação entre os pares é realmente importante para aumentarmos a capacidade inovadora de uma empresa, mas há mais fatores que também podem estar contribuindo para isso. Acompanhe a nossa série Liderando a Inovação completa, e você poderá ser capaz de mudar este cenário com as suas próprias mãos!
Adorei a leitura!! Me inspirou muito!! A minha atual realidade profissional não é nada criativa. Mas as dicas do texto e a série vão me impulsionar a mudar isso.