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CONSTRUA ALIMENTOS COM O FATOR UAU

Postado em 06/09/2019 por Cristina Leonhardt
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Quando foi a última vez que uma comida lhe surpreendeu? Os alimentos que você desenvolve surpreendem ou frustram o seu usuário? Tenho tido a impressão de que parte da indústria nem se preocupa mais com o fator “uau”.
Esta semana, quis fazer um afago e comprei dois croissants recheados para a minha filha. Sou dessas mães chatas, que controlam açúcar o tempo todo: comprar o croissant, e não apenas um, mas dois, foi recebido com grande entusiasmo pela pequena de 8 anos. Devorou o primeiro logo que viu e, como combinado, guardou o outro para levar no dia seguinte de lanche na escola (e exibir-se para as colegas).
Mais tarde, à noite, lhe pergunto o que achou dos croissants. Ela me diz que gostou muito, mas principalmente do de chocolate branco, que foi o primeiro que comeu.
Perplexa pela resposta, que normalmente seria inversa, quero entender o porquê.
“O de chocolate preto é sempre bom, mas o branco dificilmente é. E este está muito bom e por isso achei incrível”.
Explico a ela que a sensação que está tendo é de surpresa – o croissant de chocolate branco é melhor do que o preto por surpreender mais. Por se destacar de todos os demais croissants de chocolate branco que estão por aí.
O croissant de chocolate branco da Padaria Suíça tem o fator uau. De quantos outros alimentos podemos dizer o mesmo?

Eu degusto muita coisa. Recebo lançamentos em casa, vou a feiras, compro produtos novos no supermercado. Sou ávida, por motivos óbvios, pelos novos conceitos de alimentos que surgem no mercado.
Interessa-me tudo: ingredientes diferentes, uma embalagem inusitada, formatos inesperados, novos claims, comunicação original, categorias debutando no mercado. Produto bom ou ruim, eu provo, fotografo, mostro no Instagram. Produto bom ou ruim, faz sentido nesse emaranhado que é o sistema de alimentos, que está se metamorfoseando em diversas direções, como se criasse pseudópodes conforme muda.
Tem sido a minha bandeira aqui no Sra Inovadeira – e, de certa forma, a razão da criação do site – que o produto tem que ser surpreendente.
Desde o início eu escrevo aqui que não tem mais espaço para produto mais ou menos no mercado. Que tem que esquecer esses briefings com custo zero. Que não adianta vender uma coisa e entregar outra. Que na era da transparência, não resta mais nenhuma alternativa a não ser encantar o usuário.
Nenhuma alternativa a não ser incluir o fator uau.
Em muitos e muitos textos, cursos, palestras e eventos eu preguei isso. Também em muitos e muitos textos cursos, palestras e eventos questionei se a indústria estava entregando este uau.
Hoje, no café da manhã, enquanto passava no pão um doce de leite arenoso e sem brilho, extremamente doce e o levava frustradamente à boca, me peguei sonhando com este croissant.
Esperava uma textura lisa, agradavelmente doce, um brilho lácteo caramelado. Mas não. Fui frustrada por um produto inferior à marca que ostenta. Um produto com fator anti-uau.
Fiquei observando se a embalagem, transparente, me teria permitido prever, na gôndola, ao menos a desagradável textura deste doce de leite. Mas não: o plástico camuflava a falta de brilho e a tampa escondia a arenosidade.
Eu era, na frente do pote de doce de leite na gôndola, tão vulnerável quanto qualquer usuário, apesar da minha formação.
Este doce de leite que é diametralmente oposto ao croissant de chocolate branco. Em tudo o que o croissant brilha, o doce de leite empalidece. Onde o croissant surpreende, o doce de leite frustra.
Enquanto o croissant de chocolate branco agrega à marca da padaria, o doce de leite desmerece a própria empresa. Faz-me questionar a qualidade de todos os seus demais produtos. Faz-se questionar qual é a estratégia de inovação desta que é uma das empresas mais renomadas em seu segmento.
O croissant de chocolate branco tem fator uau. O doce de leite tem fator anti-uau.
Esta semana, dois acontecimentos me fizeram parar e pensar.
O primeiro foi a minha filha, com a lucidez das crianças de 8 anos, me resgatando este sentimento de prazer em comer um produto surpreendente – que é diferente de comer um produto bom.
O segundo, uma fala da nossa professora Gabriela: nós estamos aqui para construir.
Olhe ao seu redor. Pense em você. Pense na sua posição.
Pense no que você foi contratado para fazer.
Pense na empresa que você criou. Nos alimentos que fabrica.
Nós, visionários de alimentos, estamos aqui para construir. Estamos aqui para encantar e surpreender o nosso usuário.
Estamos aqui para sermos visionários e criativos e buscarmos soluções sustentáveis. Estamos aqui para transformarmos ideias em produtos incríveis, para revolucionarmos o mercado.
Estamos aqui para criarmos os croissants de chocolate branco das nossas empresas.

Estamos aqui para construirmos, nos alimentos, o fator uau.


(E, enquanto como mais um croissant de chocolate branco, pois hoje voltei à padaria para comprar, não apenas um, mas três, tenho que lhes dizer, visionários: mesmo nas reduções de custo.)


ps.: O croissant de chocolate branco é da Padaria Suíça, uma instituição lajeadense que tem mais de 25 anos. Lembro quando a padaria abriu: ela encantou clientes oferecendo pães de queijo gratuitos para quem estivesse na fila do pão. Isso mesmo, à vontade. 25 anos atrás. Adivinha o que acontecia? Filas e mais filas.
O fator uau gerando atração e longevidade.
Quando você vier a Lajeado, vamos tomar um café e comer um croissant de chocolate branco.

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