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CONSELHOS DA SRA INOVADEIRA (SE EU FOSSE SUA CHEFE)

Postado em 13/10/2016 por Cristina Leonhardt
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Então, caro visionário e caríssima visionária, depois de vários cursos de Inovação, dezenas de e-mails enviados e recebidos para profissionais de P&D do Brasil e da América Latina, resolvi sentar e escrever estes conselhos profissionais. Coisas que eu gostaria de lhe dizer, coisas que eu lhe diria se fosse sua chefe. Meus pitacos sobre o que um pesquisador de alimentos deveria saber sobre a sua carreira.
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Vamos tomar um café virtual juntos?

A SUA EMPRESA NÃO É A ÚNICA

Parece meio óbvio para quem já trabalhou em mais de uma empresa – mas o Brasil está cheinho de pesquisadores que só tiverem uma experiência em P&D até hoje: na empresa atual. Alguns (com motivo) batem no peito: tenho 10, 15, 20 anos de experiência com desenvolvimento de produtos.
(sabe de nada, inocente 😉 )
Acontece que, como tradicionalmente o processo de P&D é fechado, não descrito, e tampouco ensinado nos bancos escolares, toda essa experiência em uma empresa é apenas isso. Uma única visão do que é fazer P&D – visão com que o profissional pode até não concordar.
Para se ter repertório variado, alguns anos de experiência em empresas diferentes é muito salutar. Algumas empresas são excelentes em P&D de processo, outras melhores na interação com o usuário – e este caminhar faz com que o pesquisador tenha uma visão mais abrangente sobre o processo.
Isso não quer, de forma alguma, menosprezar a experiência e a vivência de quem segue firme e forte numa carreira sólida em uma empresa apenas. Contudo, há que se perguntar, constantemente: eu sigo aprendendo? Eu sigo desafiado? Eu sigo mudando?
A tendência a se acomodar a um processo conhecido – e não realizar melhorias – é tão forte (afinal, todos buscamos conforto), que algumas empresas estão trocando seus times de P&D entre si, por algum tempo. Veja este exemplo da Procter & Gamble, que trocou parte do time de P&D com o Google por algumas semanas.

P&D NÃO ESTÁ NO OLIMPO

Em algumas empresas, P&D falou, o resto escuta. Falou, está dito. Para um pesquisador da área, nada mais desejável, não?
Cuidado.
Verdades absolutas estão sempre sendo contraditas. Um dia é a manteiga que faz mal, outro é a margarina.
Esta hipervalorização do setor de P&D, colocando seus pesquisadores em um Olimpo intocável, pode trazer resultados a longo prazo não muito desejáveis para a empresa, nem para os próprios profissionais.
Coisas como:

  • Foco apenas em projetos incrementais, com tecnologia já conhecida pelo P&D;
  • Redução do apoio das demais áreas aos projetos de desenvolvimento;
  • Corte do fluxo de ideias inovadoras e disruptivas que surgem em qualquer canto da empresa (não apenas em P&D);

Pois bem: há que se ter um balanço, e também muita responsabilidade. A inovação é uma função de toda a empresa, não apenas de P&D. Quando a sensação corrente é de que novas ideias devem vir apenas de P&D, corre-se o risco de que milhares de boas ideias não estejam surgindo nos demais setores.
Deuses, aqueles que vivem no Olimpo, vivem também sendo derrubados pelos mortais – desde a Grécia antiga, é só pesquisar. Portanto, não suba nesse pedestal.

MAS, SE A EMPRESA NÃO VALORIZA O P&D, SAIA

Por outro lado, a cada dia me espanto mais que a situação inversa é muito comum aqui no Brasil – aliás, muito mais comum que a anterior. Tem uma carrada de empresa por aí em que os pesquisadores se sentem desvalorizados, não são ouvidos, quando muito têm uma mesa para chamar de sua e são apenas lembrados quando surge uma reclamação cabeluda ou o processo foge do controle.
São as empresas “P&D-para-que-mesmo?”. Fuja.
Para uma empresa funcionar, dizia Michael Porter, há uma cadeia de valor. No mínimo, alguém compra, alguém produz, alguém vende. As atividades que estão nesta linha pertencem à cadeia de valor, e está para nascer a empresa em que Compras, Produção e Vendas sejam funções inexistentes.
As empresas mais modernas, contudo, já entenderam que esta Cadeia inicial não garante “ganhar o jogo”. Elas podem comprar muito bem, produzir com excelência e ter um time de vendas aguerrido, e mesmo assim perder espaço para a concorrência, a cada dia.
O que falta nesta equação é alguém que veja o futuro e que planeje o futuro hoje. Alguém que crie o que será vendido daqui a 6 meses ou 1 ano, quando os produtos da empresa não forem mais tão atrativos ao usuário – ou quando estes produtos perderem competitividade devido a novos concorrentes.
Empresas que não valorizam o P&D no mesmo nível das demais funções da cadeia de valor não entenderam essa engrenagem – e ainda reproduzem modelos antiquados de negócios.
Fuja. A não ser que a sua ideia seja migrar de P&D para Produção ou Vendas, não é nesta empresa que você irá se desenvolver.

SEGURANÇA DE ALIMENTOS E QUALIDADE SÃO DISCIPLINAS IMPORTANTES

Essa coisa de compartimentalização das coisas funciona bem se você está jogando xadrez – cada um no seu quadrado, cada peça com sua função bem definida. Acontece que, na vida real, na sua casa, a faculdade e numa empresa, separar cada pessoa em um determinado quadradinho impede que se encontrem sinergias. Esta é inclusive um dos maiores atrasadores de projetos de P&D (e de vida), citados neste artigo.
Pois bem, caro colega. Poderíamos ficar aqui horas e horas falando sobre o seu chefe e a chefe dele, mas não.
Vamos falar de vossa senhoria. É, você mesmo!
Você mesmo que se esmerou em cálculo e se deu superbem nas tecnologias, mas que não faz nem ideia do que é ter empatia. Vossa senhoria, que acha que a teoria dos obstáculos tem a ver com atletismo – e que, da última vez que ouviu falar de espinha de peixe, estava sentado na beira da praia, sentindo a brisa do mar soprar no rosto.
Caro visionário que menospreza o povo de Qualidade: está na hora de repensar (aliás, meio que já passou da hora). Não faz sentido implementar um projeto para somente depois sair retrabalhando passo a passo, porque o colega não previu medidas de controle para os riscos envolvidos pelas novas matérias-primas. Pior ainda é contaminar toda a fábrica no teste industrial, porque a colega esqueceu de mencionar que havia um novo alergênico sendo testado.
O mundo dos ultraespecialistas está com dias contados. Aprimore-se em mais disciplinas, tenha um olhar mais abrangente, amplie seu repertório.
E, por favor.
Entenda de HACCP, mesmo.
Não apenas que ele surgiu na NASA.
(Cursos rápidos, mão na massa e com profissionais com muita experiência prática você sabe onde encontrar, não é?).

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Não resisti 😉

APRENDIZADO NÃO SE DÁ APENAS EM SALA DE AULA

Você já sabe: inovação se dá com um repertório amplo e variado. Quase tudo o que se aprende nas faculdades de engenharia – desculpem-me os colegas professores – uma hora ou outra poderá ser automatizado.
Menos a capacidade de enxergar além do básico. Menos a re-combinação de pontos. Menos o pensamento sinfônico e a solução criativa dos problemas. Isso, pelo menos no estágio atual da inteligência artificial, ainda é métier de humanos.
Só que na sala de aula, querida visionária e caro visionário, o que se aprende é o básico. É o currículo mínimo para ser engenheiro, é a formação mais simples para virar um cientista. A partir dela, a construção – o desaprender para reaprender – é com você. E quanto mais variado e amplo este aprendizado melhor.
Então: matricule-se numa aula de canto. Viaje para um país desafiador. Faça voluntariado numa instituição de idosos. Seja um líder de projeto fora da sua área na empresa.
Exponha-se a situações que exigem conhecimento e competências que você não faz nem ideia ainda de como buscar. Pare de se aprofundar em tecnologia, e passe a entender melhor o ser humano.

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Não seja robozinho

O FUNCIONÁRIO DO MÊS DIFICILMENTE É O VISIONÁRIO

O pensamento lógico é: sou pesquisador de alimentos, devo ser criativo. Ser criativo deveria ser o principal elemento para todos os pesquisadores, afinal de contas, ali pelo P&D é que se criam os novos produtos e serviços.
Porém, por que será então que vemos tantos criativos estagnados na carreira? Ou sendo demitidos? Partindo para uma carreira solo ou, pior dos casos, respondendo para os burocratas encaixotados de plantão?
Acontece algo muito interessante com a mente criativa: ela é inconformada por natureza. Crítica por natureza. Basicamente, o chato de plantão que vê problemas em tudo. E sendo a agulha no sapato do chefe, dificilmente você será o funcionário do mês.
Pois bem: este nem deve ser o seu desejo. Ser o funcionário do mês é o equivalente a buscar a aprovação constante das chefias – fazer o que as chefias querem que seja feito, e não o que precisa ser feito. Se você quer ter relevância na empresa, e manter a visão além do alcance que lhe fez chegar até aqui, terá que decidir: ser um visionário requer atitude. Inclusive fazendo o que é o melhor para a empresa, mas não é o que o chefito querido solicitou.
(Um ponto feito no filme Legião – de todas as demais formas, terrível – com a briga entre os arcanjos Miguel e Gabriel pela aprovação de Deus.)
Mantenha a chama acesa: continue vendo os problemas do mundo, seja crítico, seja contundente. O seu papel, visionário e visionária, é mudar o mundo mesmo.
E isso não se consegue sendo o queridinho do mês.

FALE INGLÊS

Veja bem o que está escrito. Não é “Faça um Curso de Inglês”.
É: FALE INGLÊS.
Não importa como, não importa com quem, o que importa é falar: você somente vencerá a barreira entre os que falam e os que não falam inglês… falando. Não tem como contornar, não tem como atalhar.
E inglês, caro visionário e cara visionária, é essencial neste mundo em que vivemos. Quase 100% do que você pesquisar na internet, em inglês tem o dobro de resultados.
Então, fale inglês. Não amanhã, hoje.
Dê seus pulos e resolva sua vida. Se você já domina a língua, fale. Se não domina a língua, fale mesmo assim – você somente terá maestria quando começar a se comunicar nela.

AJUDA SE PEDE

Querido visionário e querida visionária: você não precisa saber de tudo.
Mas como, Sra Inovadeira? Você acabou de falar que eu tenho que ampliar o meu repertório!
Sim, você deve ampliar o seu repertório, e ter uma visão geral sobre muitas disciplinas – o que não significa que você precise ser o mestre de magos em todas elas. Um conhecimento razoável já será suficiente para a maioria dos seus projetos.
Para os outros, usaremos uma ferramenta antiga, quase obsoleta nos dias de hoje, mas ainda importante se você trabalha com P&D.
O telefone.
Veja bem, a beleza do estado atual da tecnologia: raro passa um dia em que ela não se torne obsoleta (até a lei de Moore, que previu isso em 1965, se tornou obsoleta). É provável que as competências de que você precisava para entrar no seu emprego sejam completamente desnecessárias 3 anos depois de tê-lo obtido. Aquilo que você aprendeu na escola hoje é ultrapassado – para não dizer, errado.
Então, que estímulo temos para estudar, para saber mais, para ampliar o repertório?
O estímulo, caro colega, são na verdade, dois: saber o que existe no mundo, e saber quem sabe sobre aquilo.
Edição precisa de genes em plantas (CRISPR), Inteligência artificial, realidade virtual, biomecânica, carros autônomos, energia via ar são tecnologias que irão romper o status quo de negócios no mundo inteiro nos próximos anos. (Estou viajando? Sim, junto com o MIT).
Você precisa saber profundamente como aplicar cada uma delas? Talvez não. Talvez o seu papel seja justamente fazer a ponte entre a nova tecnologia existente e um problema real, do seu mundo, que ela possa ajudar a resolver.
Mas isso, colega, somente acontece se se você passar a mão no telefone e pedir ajuda.
Você verá: indolor e sem contraindicações. E um grande avanço naquela rotina de apagar incêndios de que você tanto reclama.

Conta para mim, visionário e visionária: qual o melhor conselho profissional que você já recebeu na carreira?

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